A seguir, um protocolo anestésico utilizando xilazina e quetamina, que pode ser usado para procedimentos cirúrgicos em cães e gatos. Este protocolo pode ser ajustado conforme o caso clínico específico e as condições de saúde do animal.
Protocolo Anestésico com Xilazina e Quetamina
Objetivo:
Proporcionar uma anestesia segura e eficaz para procedimentos de curta a média duração, com manutenção de reflexos protetores e monitoramento mínimo.
Indicações:
- Procedimentos de curta duração.
- Procedimentos em animais com bom estado de saúde.
- Como sedativo e analgésico em animais para que possam ser manipulados com segurança.
Medicamentos Utilizados:
- Xilazina (sedativo/analgésico): Agonista alfa-2 adrenérgico.
- Quetamina (anestésico dissociativo): Agente anestésico com efeito analgésico moderado.
Protocolo de Indução Anestésica:
Pré-medicação (sedação e analgesia):
- Xilazina:
- Dose: 0,5 a 1 mg/kg IM ou SC, dependendo da resposta e da condição clínica do animal.
- Ação: Proporciona sedação profunda e analgesia para a maioria dos procedimentos.
- Efeito: Início da ação em 10 a 15 minutos após administração, com sedação progressiva e diminuição do nível de atividade.
- Xilazina:
Anestesia:
- Quetamina:
- Dose: 5 a 10 mg/kg IV, dependendo do tipo de procedimento, da profundidade desejada e da condição clínica do paciente.
- Ação: Indução rápida, promovendo anestesia dissociativa. Pode ser administrada lentamente para evitar efeitos adversos como aumento da pressão intracraniana ou intraocular.
- Tempo de início: 30 a 60 segundos após administração intravenosa.
- Quetamina:
Manutenção Anestésica:
Quetamina:
- Infusão contínua (opcional): 1 a 3 mg/kg/h IV para manutenção em procedimentos mais longos.
- Alternativa: Reaplicar 50% da dose de quetamina a cada 20-30 minutos se a anestesia precisar ser aprofundada.
Monitoramento:
- Monitoramento de sinais vitais: Frequência cardíaca, pressão arterial, saturação de oxigênio (SpO2) e temperatura corporal.
- Ventilação assistida: Dependendo do nível de anestesia, ventilação assistida pode ser necessária, principalmente se o animal estiver respirando superficialmente.
- Reflexos: O reflexo palpebral pode estar ausente em profundidade de anestesia, mas outros reflexos como o de tragar e o de tosse devem ser mantidos.
Antagonismo de Xilazina (caso necessário):
- Atipamezole (antagonista alfa-2):
- Dose: 0,5 a 1 mg/kg IM.
- Ação: Reverte os efeitos da xilazina, promovendo uma recuperação mais rápida. Deve ser administrado quando a sedação precisar ser revertida ou quando houver sinais de sedação excessiva.
Analgesia Pós-Operatória:
- Opções de analgesia pós-cirúrgica:
- Opióides (por exemplo, morfina, buprenorfina): Para controle da dor pós-operatória.
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Ajudam no controle da inflamação e dor pós-operatória, desde que o animal esteja em condições adequadas para seu uso.
Cuidados Pós-Anestesia:
- Monitoramento pós-operatório: Após a cirurgia, o animal deve ser monitorado de perto para sinais de hipotermia, desidratação e recuperação anestésica.
- Hidratação: Manter infusão de fluidos intravenosos até que o animal recupere o reflexo de deglutição e esteja em condições de beber água.
- Retorno à consciência: A recuperação será mais rápida devido ao efeito curto da xilazina, mas a quetamina pode manter um efeito dissociativo por algum tempo, logo é importante manter o ambiente calmo e tranquilo durante o processo de recuperação.
Considerações Especiais:
- Contraindicações:
- Cães com histórico de doenças cardíacas: A xilazina pode causar bradicardia e hipotensão, então o uso deve ser cauteloso ou evitado em animais com doenças cardiovasculares graves.
- Gatos com doenças hepáticas ou renais: A metabolização da xilazina pode ser alterada, portanto, o uso em gatos com problemas hepáticos ou renais deve ser monitorado de perto.
- Animais em choque ou com desidratação significativa: Devido aos efeitos hipotensores da xilazina, deve-se usar com precaução.
Vantagens e Desvantagens:
Vantagens:
- Indução rápida e controle eficaz da anestesia.
- Efeito analgésico significativo com a xilazina.
- Procedimentos curtos ou médios podem ser realizados sem necessidade de muitos ajustes.
Desvantagens:
- Potencial para depressão respiratória e cardiovascular, especialmente se a dose de xilazina ou quetamina for muito alta.
- Recuperação pode ser mais lenta dependendo do animal e da dose administrada.
- Monitoramento rigoroso necessário em animais com comorbidades.
Conclusão:
Este protocolo anestésico com xilazina e quetamina é eficaz para procedimentos de curta a média duração, proporcionando sedação e anestesia dissociativa com boa analgesia. No entanto, é fundamental ajustar as doses com base no estado clínico do animal e monitorar cuidadosamente os sinais vitais durante todo o processo anestésico para garantir a segurança do paciente